Este trabalho se propôs a registrar a contribuição do arquiteto japonês Yoshiakira Katsuki que, juntamente com sua equipe, criou uma nova linguagem que surgiu da adoção de novos elementos ao projeto, alterando a visão do edifício frente ao mercado imobiliário de então. As repercussões da modernização da cidade de Salvador, nas décadas de 60 e 70 do século XX, são sensíveis até hoje, e foi nesse período que Katsuki desembarcou em Salvador e iniciou seu processo de contribuição na renovação da linguagem arquitetônica local. A abordagem inicial da dissertação parte do pressuposto de que as influências de Katsuki trazidas do Japão, principalmente dos mestres Yoshizaka Takamasa, Kunio Maekawa, Kiyonori Kikutake e Kenzo Tange, seu maior expoente e importante adepto do metabolismo, refletem-se nesse legado arquitetônico de Katsuki. Esse recorte foi descrito no capitulo 2. Katsuki, em Salvador, colaborou com arquitetos como Diógenes Rebouças, Assis Reis, Alberto Hoisel e Sérgio Bernardes, que o receberam em seus escritórios e equipes, numa situação considerada propícia ao nosso personagem central, em se tratando de um arquiteto "nascido e engarrafado no Japão" como ele mesmo ironizava. Esse olhar de quem recebe o estrangeiro, neste contexto histórico dos anos sessenta, será descrito no capítulo 3, “Cenário arquitetônico baiano”. Nesse momento, será possível, então, entendermos essa situação favorável que levou Katsuki a se identificar como urbanista, planejador, arquiteto e baiano. Após sua experiência nos escritórios de arquitetura por onde colaborou, Katsuki estruturou individualmente do seu talento e criou um escritório que idealizou e executou projetos. Seu primeiro experimento na Bahia, a capela do Menino Jesus, reflete esse espírito inovador que, juntamente com Alberto Hoisel e Guarani Araripe, pôde concretizar suas idéias em um projeto de pequena escala. Suas experiências posteriores denotam uma arquitetura que evoluiu constantemente, sem contudo perder a coerência quanto à sua clara ordem estrutural e o detalhe, elemento fundamental em toda a sua obra construída. As três obras selecionadas foram: 1-Capela do Menino Jesus (1965); 2-Edifício Monsenhor Marques (1974); 3-Edifício Coelba -Companhia de Energia Elétrica da Bahia (1978). No quarto capítulo, o pensamento de Katsuki é analisado como planejador e urbanista, através dos dois planos diretores que ele coordenou e da entrevista concedida em 1988, sendo os outros projetos de arquitetura, loteamentos e planos, somente citados nas ilustrações. Os planos diretores são: 1-Plano Diretor do Cia - Centro Industrial de Aratu (1966 e 1980); 2-Planejamento Físico do Plano Diretor do COPEC - Complexo Petroquímico de Camaçari (1973). Ainda no quarto capitulo, foram destacados os elementos identificadores do autor na arquitetura baiana nos três projetos analisados, que foram: a malha estrutural, os nós e o sistema estrutural, o espaço de convivência, as aberturas e as escadas. No quinto capítulo, as considerações finais pontuarão que, embora Katsuki, no seu espírito nobre japonês, ignore ou desconsidere a importância de sua arquitetura baiana, ela lhe deixou saudades confessas. Ele trouxe, no inconsciente, arquétipos japoneses determinantes na sua iniciação no Brasil e que somados aos anseios dos arquitetos com quem fez parcerias, resultou numa expressão que perdura até os dias de hoje e motiva as novas gerações a aspirarem por novas linguagens como aquelas que já tivemos um dia. Por fim, como anexos, encontram-se a cronologia da obra de Yoshiakira Katsuki e dois grupos de depoimentos: um representado por depoimentos do próprio Katsuki, concedidos à autora desta dissertação em 2002 e a Lourenço Mueller em 1984; o outro grupo de depoimentos tem Katsuki como tema e foram concedidos por Alberto Hoisel a Rafael Cordiviola, Bernadete Gusmão, Gilberbert Chaves, João Brasileiro e Pasqualino Magnavita.
Banca: Profa. Esterzilda Berenstein de Azevedo
(orientador)
Profa. Naia Albán Suarez (membro externo)
Prof. Giberto Sarkis Yunes (membro externo)